Eles são peças indispensáveis nos esquemas táticos de Mano Menezes, no Corinthians, e Ricardo Gomes, no São Paulo. Atuam em várias funções no meio-campo, marcam, vão ao ataque, marcam gols e têm futebol suficiente para vestirem a camisa da seleção brasileira. Elias e Hernanes farão um duelo à parte no clássico deste domingo, que será realizado no estádio do Pacaembu. Para a alegria dos pais, Eliseu e Cosme que, diariamente, trocam ideias sobre as carreiras dos filhos.Por uma incrível coincidência, os dois trabalham juntos. São técnicos judiciários da divisão de processamento de agravos e recursos especiais e extraordinários do no Tribunal Regional Federal de São Paulo, localizado na avenida Paulista, um dos pontos mais nobres da capital paulista. Eliseu trabalha no local há 16 anos. Já Cosme, que trabalhava em Recife (PE), pediu transferência para São Paulo para poder ficar mais perto do filho Hernanes.
Na conversa acompanhada pelas reportagens do Sportv e do GLOBOESPORTE.COM, as duas partes adotaram a diplomacia. Quando questionados, quem jogava mais bola, cada um fez um discurso e mostrou conhecimento futebolístico. Mas ambos ficaram em cima do muro.
- Eles têm características diferentes. O Hernanes é mais técnico, bate melhor na bola e tem mais facilidade para dar o drible. Mas o Elias é mais dinâmico, tem mais velocidade. Ele consegue marcar e atacar com a mesma disposição – lembrou Eliseu.
- Fica difícil te responder essa questão. Ambos são ótimos jogadores. Sinceramente, se me dessem dinheiro e tivesse de escolher entre eles, não sei quem eu compraria. Os dois são peças fundamentais nos esquemas de suas equipes – afirmou Cosme.
Eliseu descobriu por acaso que Cosme estava trabalhando na mesma seção. Rapidamente, surgiu uma amizade.
- Um dia alguém aqui na seção me disse que o pai do Hernanes estava trabalhando aqui. Achei uma enorme coincidência e rapidamente fui conhecê-lo. Como temos filhos na mesma profissão, nos tornamos amigos. Almoçamos juntos e, em determinados situações, sofremos juntos. Já teve funcionário aqui no tribunal que veio me cobrar após um jogo do Corinthians. Ele me disse que o Elias tinha jogado muito mal, como se eu tivesse culpa disso – brincou o pai do camisa 7 corintiano.
Seu Cosme disse que, como trabalham juntos, um dá suporte para o outro no momento das dificuldades.
- A gente conversa sobre tudo no futebol. Mas eu não falo mal do Elias e ele não fala mal do Hernanes. A gente sabe o que um pai sofre quando seu filho não joga bem, o que é absolutamente normal.
Mas, quando é para falar da própria cria, Eliseu e Cosme se tornam torcedores inflamados. Pegam pesado.
- Eu sou chato para caramba. Depois de cada jogo, ligo para o Elias e falo o que ele fez de certo e o de errado. Pego no pé mesmo porque sei que ele tem de melhorar cada vez mais – afirmou Eliseu.
Já Cosme é mais discreto. Ele comemora o fato do filho estar voltando a jogar bem, após todas as dificuldades encontradas em 2009.
- No ano passado, as coisas não deram certo para ele. O time não conquistou os resultados que gostaria e ele caiu de rendimento. Conversamos muito nesse período. Mesmo quando ele teve proposta da Europa, disse para ele ficar. Quanto mais demorar, melhor – disse.
- Eliseu, chegou a hora do São Paulo. Faz oito anos que não ganhamos, mas isso agora vai acabar. Será 3 a 2 para o São Paulo, com gols do meu filho, claro, do Washington e do Rogério Ceni. O Elias e o Ronaldo vão marcar para o Corinthians. Será o almoço mais fácil que vou ganhar na minha vida – afirmou Cosme, sorridente.
A resposta alvinegra não demorou.
- Cosme, o tabu vai continuar. Será a vitória no melhor estilo corintiano, sofrida, chorada, aos 48 minutos do segundo tempo. E não precisa nem ser gol do Elias, pode ser do Ronaldo mesmo. Já vou começar a me preparar para almoçar de graça na segunda-feira - emendeu Eliseu.
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